Artigo: Como a IA pode impulsionar o Brasil no Comércio Exterior
Por Ricardo Recchi*
O mercado global de IA aplicada à cadeia de suprimentos e à logística, no qual o Comex está inserido, deve saltar de US$ 1,9 bilhão em 2024 para US$ 4 bilhões até 2032, segundo o Business Research Insights.
Com esse crescimento, o uso de assistentes e agentes inteligentes de IA começa a ganhar protagonismo no ecossistema, oferecendo soluções práticas para desafios recorrentes, que envolvem burocracia documental, conformidade regulatória, gestão de riscos e a tomada de decisão baseada em dados.
Ao combinar processamento de linguagem natural e acesso a bases normativas, os assistentes de IA podem, por exemplo, responder dúvidas em tempo real sobre códigos NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), alertar sobre mudanças regulatórias de órgãos como Receita Federal, ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), além de auxiliar na classificação fiscal de mercadorias e na geração de documentos como DI (Declaração de Importação), DU-E (Declaração Única de Exportação) e certificados de origem, o que representa economia de tempo, redução de erros e maior assertividade nas operações.
Já os agentes de IA, que operam de forma mais autônoma e proativa, oferecem ganhos expressivos na análise de dados e na automação de fluxos complexos. Essas ferramentas podem monitorar portais de governo em tempo real em busca de atualizações legais, cruzar dados de embarques anteriores para detectar padrões de não conformidade e até acionar alertas automáticos em caso de possíveis autuações fiscais. Um exemplo prático é a atuação desses agentes na análise preditiva de riscos logísticos, utilizando dados históricos de tempo de trânsito, condições climáticas, desafios alfandegários e tarifas variáveis para indicar rotas e modais mais eficientes. Em um ambiente tão impactado por flutuações cambiais, disputas geopolíticas e escassez de insumos, essa capacidade preditiva é um ativo estratégico.
Tanto os assistentes, quanto os agentes de IA estão se tornando cada vez mais acessíveis graças ao avanço das plataformas que automatizam o desenvolvimento de sistemas, como é o caso do Low-Code. Com esse modelo, empresas podem desenvolver e customizar ferramentas sem depender exclusivamente de grandes equipes de TI, acelerando a implementação de tecnologias adaptadas às suas realidades e processos.
Essa plataformas também permitem facilitar e integrar dados de diferentes sistemas, como ERPs (Enterprise Resource Planning), CRMs (Customer Relationship Management), ferramentas de despacho aduaneiro e APIs (Application Programming Interface) públicas, com segurança e governança, garantindo que a IA atue com base em informações confiáveis e atualizadas.
Adotar essas tecnologias significa transformar dados em insights, automatizar tarefas com segurança e liberar o operador para decisões estratégicas. E com o Low-Code como facilitador, o acesso a essa revolução tecnológica passa a estar ao alcance de todo o ecossistema de Comex, desde tradings aos despachantes e de armadores a exportadores.
*Ricardo Recchi é regional manager Brasil-Portugal da GeneXus, empresa especializada em plataformas Enterprise Low-Code que simplificam o desenvolvimento e a evolução de softwares por meio da Inteligência Artificial.