Estudo revela variações de irrigação para o trigo em diferentes Regiões do Brasil
Um grupo de cientistas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e da Embrapa organizou um banco de dados sobre quanto de água a plantação de trigo usa e transfere para o ar (evapotranspiração). Eles estudaram várias formas de irrigar e cultivares de trigo em diferentes lugares do Brasil para entender como o uso da água pelo trigo muda com o clima e descobriram que a quantidade de água que o trigo precisa varia muito dependendo do clima local.
Conforme Rodolfo Pereira, da Esalq, o estudo mostrou que é preciso considerar o clima local ao decidir sobre a irrigação. “Mesmo que o banco de dados coletado não esteja disponível para o público agora, as descobertas ajudam a melhorar como a água é usada na agricultura, especialmente para o trigo, que é muito importado pelo Brasil. O trigo irrigado é especialmente promissor em regiões tropicais e subtropicais do país, onde a água é crucial para a produção”, destaca Pereira.
Para Alexandre Ortega, pesquisador da Embrapa, a pesquisa aponta a necessidade de adaptar as práticas de irrigação às condições climáticas específicas de cada região do Brasil, para otimizar o uso da água na agricultura. Isso é ainda mais importante considerando que a agricultura irrigada é vital para a produção de alimentos no mundo e que o uso eficiente da água se torna essencial diante das mudanças climáticas e da necessidade de alimentar uma população crescente.
Cultivares de trigo para o ambiente tropical do Brasil
- BRS 394 – conhecida como o “Trigo melhorador do Cerrado”, a cultivar foi desenvolvida para cultivo irrigado na Região do Cerrado do Brasil Central. Apresenta como principais características a precocidade, o alto potencial produtivo, chegando a 140 sc/ha em lavouras, a boa resistência ao acamamento e um excelente desempenho na indústria com alta força de glúten e estabilidade. Indicada para o cultivo na BA, GO, MG, MT, MS, SP e DF.
- BRS 254 – a cultivar é alternativa para rotação de culturas no sistema produtivo da região do Cerrado do Brasil Central. Apresenta excelente produtividade e ótima qualidade industrial. A produtividade média da BRS 254 é de 100 sc/ha em lavouras, sob cultivo irrigado no cerrado. É resistente à debulha natural e apresenta excelente qualidade tecnológica, sendo classificado como melhorador. É indicada para: MG, MT, GO, DF e BA.
- BRS 264 – adaptada para o cerrado do Brasil Central com ciclo super precoce, espigamento em 40 dias e maturação em 110 dias, que permite diminuir os custos de produção e minimizar impactos ao ambiente através da redução na utilização de água e energia elétrica da irrigação. É a cultivar preferida pela indústria moageira pela estabilidade de rendimento e qualidade de farinha. Com indicação de cultivo para os estados de MG, MT, DF e GO e potencial de rendimentos acima dos 100 sc/ha.
- BRS 404 – Alternativa para o cultivo de trigo de sequeiro no Cerrado. Apresenta ciclo precoce, classe comercial pão e estabilidade na produção de farinha. A BRS 404 foi a primeira cultivar a apresentar maior tolerância à brusone. É adaptada para plantio nos estados de DF, GO e MG, com potencial de rendimento de 40 sc/ha. (fonte: Embrapa Trigo).
- FAO-56: Publicação que apresenta procedimento atualizado para cálculo da evapotranspiração de referência e de culturas a partir de dados meteorológicos e coeficientes de culturas. O procedimento, apresentado pela primeira vez no Documento de Irrigação e Drenagem nº 24 da FAO ‘Requisitos de Água das Culturas’, é denominado abordagem ‘Kc ETo’, em que o efeito do clima nas necessidades de água das culturas é dado pela evapotranspiração de referência ETo e o efeito da cultura pelo coeficiente de cultura Kc. (Fonte: Boletim FAO 56).
O estudo, de Rodolfo Pereira, Evandro Silva, Esalq/USP, Alexandre Gonçalves, Embrapa Murilo Vianna, Escola de Terra e Meio Ambiente, Universidade de Leeds, Reino Unido, Tonny Silva, Universidade Federal de Rondonópolis, Guilherme Fenner, Universidade Federal de Mato Grosso, Paulo Vieira, Universidade Estadual de Maringá, Fábio Marin, Esalq/USP, está aqui.